Do conhecimento à celebração: os destaques do último dia do ENAPAT 2025

O terceiro e último dia do ENAPAT 2025 começou com os tradicionais sorteios, em especial da tão aguardada bolsa integral da pós-graduação em Patologia das Construções do IPOS. Em seguida, Felipe Lima e o Arquiteto Rafael Ambrósio estiveram juntos no palco para falar sobre a atuação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP) e a conscientização desta classe profissional sobre o campo da Patologia das Edificações e de boas práticas para minimizar vícios construtivos. Ao final, Felipe formalizou em público um convite para o CAU-SP ter um estande na FEIPAT 2026.

 

Múltiplas causas de patologias nas construções

 

Na sequência foi a vez de uma das palestras mais esperadas, do professor Marcus Grossi, que abordou como mensurar múltiplas causas de patologias nas construções. Segundo ele, um estudo de causalidade não pode ser somente intuição do técnico. Marcus citou que a NBR 13752, de perícias na Engenharia, cita causas e responsabilidades, e enfatizou que esta área tem muitas intersecções com o Direito.

 

De acordo com Marcus, as causalidades podem ter vários “culpados” e várias formas:

  • Linear, onde a causa 1 gera o fenômeno 2, que gera o fenômeno 3 e assim por diante;

  • Múltiplos efeitos, onde a causa X pode gerar os fenômenos Y1, Y2, etc.;

  • Fenômeno multicausal, onde o fenômeno Y pode ser causado por X1, X2, etc.;

  • Omissiva, onde deixar de fazer algo pode gerar um fenômeno.

 

“Mas como provar que algo que não aconteceu, como por exemplo a falta de manutenção, pode ser uma causa?”, questionou Marcus.

 

Ele apresentou também algumas origens de anomalias, como o terreno, projeto, fabricante, execução, exposição ao meio, uso e operação, manutenção, fim da vida útil, demolição/reabilitação. Para finalizar, apresentou dois cases, um no qual uma parede de vedação foi removida e as respectivas culpabilidades, e um sobre uma construtora que processou um engenheiro de obra e como foi avaliada a contribuição do mesmo para um problema.

 

Direito e Engenharia

 

O próximo palestrante foi o Advogado Fábio Cascione, que falou sobre conceitos técnicos e jurídicos das garantias construtivas. Ele comentou que vícios construtivos podem envolver questões do Código Civil e também do Código de Defesa do Consumidor, podendo ser aparentes ou ocultos.

 

“Vícios construtivos são falhas ou defeitos de sistemas de construção que comprometem sua qualidade, segurança ou funcionalidade”, conceituou Fábio.

 

Em seguida, deu exemplos de Responsabilidade Civil: dano (material, moral ou estético); nexo causal (ligação entre vício e prejuízo); e culpa. Fábio mostrou como funciona a Responsabilidade Civil na Engenharia: está presente nas relações de consumo; é independente da prova de culpa (basta dano e nexo causal); pode haver responsabilidade solidária entre construtora, incorporadora, etc.. 

 

Também lembrou que existe o prazo de 5 anos na garantia civil sobre obras e que há uma interpretação jurisprudencial oscilante no caso de vícios construtivos ocultos, onde algumas vezes o proprietário tem que provar dano e nexo causal, e outras vezes são os executores.

 

Geofone!

 

Fabiano Yamasaki deu um show em sua palestra e ainda sorteou um Geofone, o que causou frisson na plateia.

 

Ele mostrou como funciona a primeira pista de simulação de vazamentos do Brasil, que foi criada pela Yamatec com objetivo de treinar técnicos.

 

No design e construção da pista foram criados 14 tipos diferentes de vazamentos, com medidas e profundidades variadas.

 

Inovação

 

A manhã terminou com um painel sobre Inovação na Patologia. Com mediação de Alice Feitor, o painel contou com a participação de Alexandre Britez, Lucas Cardoso, Luiz Araújo e Vinicius Camacho.

 

Eles abordaram capacitação, gaps nas ementas de cursos de graduação, IoT, IA, madeira engenheirada, boas práticas em outros países, estruturas mistas, light steel frame, escassez de mão-de-obra, valorização profissional, novos sistemas de manutenção de obras, entre outros temas.

 

“Alguns temas só se vê em Congressos como este”, comemorou Alexandre Britez, sobre atualização profissional.

 

Neste painel apareceu mais um termo análogo à Medicina, onde foi comentado que às vezes são usados “Tratamentos Paliativos” em obras, mas que sempre é possível achar uma solução menos destrutiva possível para uma recuperação de obra. Outro termo que apareceu foi o do “Clínico Geral das Edificações”, que é o profissional responsável por conhecer todas as opções para tomar as melhores decisões.

 

“A Patologia das Construções está na vanguarda da Engenharia”, comentou Vinícius Camacho.

 

Antes do intervalo para o almoço, Roberta Britto, da IEG Brasil, apresentou em detalhes a feira FEIPAT 2026, que será realizada de 9 a 12 de setembro no São Paulo Expo.

 

“Ter um evento para chamar de seu é um upgrade para todo um setor”, cravou Roberta.

 

IA na Redação de Laudos

 

Outro aguardado painel aconteceu no início da tarde, com a participação de Marcus Grossi, Bia Menezes e Wanessa Serra, sobre o uso de Inteligência Artificial para a redação de laudos técnicos.

 

Wanessa fez um histórico da evolução tecnológica, desde as máquinas de escrever até o Chat GPT. Já Bia fez uma reflexão sobre todo o conhecimento compartilhado durante os três dias de ENAPAT e defendeu o uso da IA para evolução com sabedoria. Marcus, por sua vez, mostrou vários pareceres de órgãos de divulgação (Scielo, Cope, Nature e Fapesp) incentivando o uso de ferramentas de IA para suporte à escrita. Em seguida, mostrou exemplos de prompts úteis para pesquisa, escrita e até detalhamento.

 

“Você não será substituído pela IA, mas por quem sabe usar a IA”, foi a reflexão apresentada ao final.

 

Umidade em Fachadas

 

Fechando a sequência de Artigos Técnicos da competição, foi a vez do trabalho sobre Avaliação de Umidade em Fachadas com Revestimento Mineral – um estudo de caso em condomínio residencial. Jaqueline Corrêa apresentou o artigo, que teve como co-autores Henrique Bosco, Elier Pavon e Lia Pimentel.

 

Jaqueline mostrou como argamassas técnicas decorativas vêm substituindo revestimentos tradicionais. No estudo, a obra apresentou patologias graves apenas três meses após a entrega. Em seguida mostrou todos os ensaios e inspeções realizadas, e as potenciais soluções.

 

Trinca Patológica

 

A penúltima atividade do ENAPAT 2025 foi o painel “Trinca Patológica”, com uma discussão sobre o Legado do Encontro deste ano.

 

Com a mediação de Felipe Lima, o painel contou com a participação de Henrique Bosco, que reforçou a importância dos mentores que vieram antes, e de Marcus Grossi, que lembrou que sem Legado não haveria Sociedade.

 

Adpat Awards

 

O evento finalizou com a tão aguardada premiação Adpat Awards, na qual foram reconhecidos os profissionais e artigos do ano.

 

“No último dia, celebramos as marcas deixadas por pessoas que fazem a patologia acontecer. O ADPAT Awards, que premia os melhores do ano, representa a força do estudo, esforço, dedicação e paixão na jornada de cada um — coroando com o Pato de Ouro (que não é de ouro, rs)”, comentou Felipe Lima.

 

As categorias e respectivos ganhadores foram:

 

  • Prêmio Jovem Destaque: Junior Freitas (Paraná)

  • Prêmio Fernando Cardoso: Anna Oliveira (Brasília)

  • Prêmio Inovação na Patologia: Isabella Cantal (Ceará)

  • Prêmio Melhor Artigo Técnico: Leonardo Santos (Rio de Janeiro)

  • Prêmio Melhor Apresentação de Artigo Técnico: Jaqueline Andrade (São Paulo)

  • Prêmio Aluno Expert: Ana Flávia Pinheiro (Ceará)

  • Prêmio Mestre na Patologia: Marcus Grossi (São Paulo)

 

Legado

 

“Um legado de conhecimentos, valores e conquistas passados de geração em geração”: este foi o tema geral do ENAPAT 2025, seguido à risca pela organização, mediadores, palestrantes e panelistas. Foi uma imensa quantidade e qualidade de conteúdos compartilhados ao longo dos três dias do evento, que ainda estão reverberando nos grupos e redes sociais, e vão impactar no dia-a-dia dos profissionais pelos próximos dias, semanas, meses e anos.

 

Felipe Lima, idealizador e organizador do ENAPAT, deixou seu relato sobre os três dias de imersão:

 

“Superou todas as nossas expectativas. Encerramos três dias de evento com o coração grato e a certeza de que cumprimos aquilo que sonhamos realizar. Uma equipe empenhada e apaixonada certamente deixou sua marca na construção de um legado onde a técnica é o maior destaque, mas que não caminha sozinha; ela requer relacionamentos, união e comprometimento. Vivemos dias em que o propósito ADPAT foi colocado em prática: ‘todos em alto nível’”.

 

Ele fez um balanço final do Encontro:

 

“O resultado não poderia ser outro, pois estavam no ambiente mais de 300 pessoas de coração generoso, dispostas a servir, cuidar e amar uns aos outros, totalmente abertas ao aprendizado e também ao compartilhamento de suas experiências, fortalecendo o crescimento coletivo e a nossa especialidade: Patologia das Construções. Professores renomados fizeram parte, contribuindo com sua história, conhecimento técnico e braços abertos a receber a nova geração”.

 

E finalizou sobre o Legado que ficou e um convite especial:

 

“Voltamos à rotina renovados pela energia que nasce do conhecimento técnico, de novas ideias, direções e objetivos. Vivemos em família, amigos escolhidos, nossos parceiros de trabalho, certos de que é possível atuar com aquilo que nos apaixona e construir juntos um legado com a nossa autenticidade. Gratidão a todos os enapatianos de 2025 — vocês fazem parte desta história. Que venha agora a FEIPAT! Nos encontramos em 2026, de 9 a 12 de setembro, no São Paulo Expo Imigrantes, para mais um evento com a marca da família ADPAT: a Feira da Patologia das Construções”.

 

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